Pernas pra que te quero !!!!

4 de dezembro de 2009





Estava muito calor, e ainda assim resolvemos nos aventurar em uma caminhada de 15 km. Sinceramente não me lembro o porque dessa loucura, mas a questão é que fomos. Eram 9h da manhã, e nossa intenção era chegarmos para o almoço. Lá estávamos nós: primos, primas e eu. Imagina uma garota de 10 anos se aventurando em caminhar 15km? Pois é, mas naquela época tudo era só diversão, e não tinhamos nada a perder. Digo, não tinha varizes para estourar, não tinha dor na coluna, fadiga e essas coisas de gente que está ficando velha e sedentária. Enfim, interior de Minas Gerais, mais especificamente Sossego, em Resplendor. Realmente o lugar faz juz a seu nome. É um lugar lindo, absurdamente sossegado. Um lugar perdido no meio do nada pra dizer a verdade. Ali, voce acredita que é o único ser humano a viver nessa Terra. Saudades.

Mas voltando, lá estávamos todos preparados para essa falta de juizo. Ah, ainda não disse o motivo da viagem maluca não né? Então, as fazendas eram muito grandes. De uma fazenda a outra era uma caminhada. Saimos da fazenda do meu saudoso avô para irmos a uma fazendo vizinha (nem tão vizinha assim), onde era fabricado Cachaça, e tinha milhares de pés de laranja. Os donos eram amigos do meu avô, do meu pai e da familia toda. Queriamos apenas nos divertir... Mal sabia eu o que me esperava pela frente. Ah, naquela época, eu estava "apaixonaaaaada". Sim, apaixonada. E nem venha me dizer que uma criança de 10 anos não fica apaixonada ok? Eu fiquei. Loucamente. O nome dele era Ari Junior. "Junim" para os mais íntimos. Ele era lindo. Moreno. Digo , ERA lindo, porque ele realmente ERA lindo. Hoje não é mais. Ah por favor, não sou mais apaixonada por ele.. ele só era lindo quando meu coração disparava ao vê-lo, qual é? Bem, enfim, começamos nossa jornada rumo as laranjeiras (hoje eu entendo que intuitivamente eu estava indo era atrás da Cachaça, mas deixa isso quieto). E lá pelas 9:00h descemos aquele "abismo" que era o morro onde meu avô morava. Um sol de rachar a cuca. Um calor. E eu toda saltitante esperando encontrar o "Junim". Sabe como é.... E íamos. Rindo, contando piadas, cantando... quando do nada, me surge um touro. Sabe aquele touro bravo, rei do pedaço, que quer mostrar que ele é quem manda? É esse ai. Que pânico. Que desespero!!! E agora? O que faremos? Não tinha pra onde ir gente, entenda, estávamos em uma estrada de chão, que aparentemente não tinha fim (e eu acho mesmo que não tinha, tá doido), e aquele touro ali nos encarando e bufando, espreitando e esperando o momento certo de avançar.

E, pernas pra que te quero !!!! Corram, corram, corram!.. Mas assim, correr pra onde? Se correr o bicho pega, e se ficar o bicho o come, o jeito foi se arriscar atravessar uma cerca de arame farpado. Que tristeza! Vocês sabem o que é uma cerca de arame farpado. Imaginem como chegamos do outro lado!? Mas isso não ajudou muito não, do outro lado havia vários cachorros que sairam em disparada para verificar que 'presas' enormes eram aquelas que haviam atravessado a cerca. Corram, corram, corram... E lá fomos outra vez passar pela cerca.. Por cima, vai vai, eu seguro aqui. Não, passa por baixo.. E até que tudo terminasse, lá estavam todos esfolados. Ai, ai, ai, ui, ai!

Depois de todo o sufoco, continuamos nossa jornada rumo ao paraíso das laranjas. Três horas mais tarde, chegamos! E para nossa surpresa, e desespero, o almoço já havia sido servido, há tempos. Roça, né gente? VocÊ acha que 12h na roça é hora de almoço? Claro que não! É hora do café da tarde. Almoço lá, é por volta de 9, 10hs.

Mas, para alegria de todos os famintos e morimbundos, a anfitriã esquentou a comidinha, e podemos nos fartar e relaxar. Bem, relaxar não necessariamente, pois logo após o almoço corremos para a engenhoca de fazer cachaça. Era tudo muito interessante. Os bois ficavam presos a uma tora (pra quem não sabe, é assim que chamamos um tronco lá na roça), e eles iam andando e movendo a engenhoca moendo a cana, e o caldo saia dentro de um grande barril. Depois disso, havia vários preparos até se chegar na cachaça pura. Adorávamos ficar ali olhando toda aquela movimentação. Quando cansamos de observar os coitadinhos dos bois, fomos ao parque de diversão: Laranjas!

Quantas e quantas. Sem fim. Laranja lima. Fomos com uma faquinha e a gula de chupar laranjas. E agora, como vamos conseguir voltar todo aquele caminho? São 15km, não são 15 passos, mas 15km, voce sabe o que são 15km? Acredite, quando volto-me em pensamento a esse dia, não consigo imaginar de onde arrumamos coragem e força para fazer esse percurso todo. Criança é mesmo cheia de energia, mas andar 15km? Isso deveria ser escrito na historia.

Já estava entardecendo e precisávamos partir.

Saimos por volta das 16h. O Sol já estava mais fraquinho, estávamos todos cansados, mas nos mantemos firmes todo o caminho. Algumas vezes parávamos para correr atrás do outro, outras para beliscar, e outras para fazer xixi (ou você pensa que depois de tanta laranja, e uma viajem de quase 3h de caminhada a pé não iríamos parar para fazer xixi?) Você está certo(a), pelo menos eu não parei. E a vergonha? Não, não dava. E não tinha matinho para me esconder. Segurei, segurei e segurei... até que... quando de repente, já não podia mais, uns dos pentelhos dos meus primos contou uma piada muito engraçada, e eu não me contive. Pra minha vergonha maior ainda, fiz xixi na roupa. E pra minha vergonha 10 mil vezes maior ainda, esse pequeno incidente ocorrou justamente na frente do moreninho. Meu coração disparou. Mas não foi de emoção ao vê-lo..

Sai correndo desembestada, não sabia onde enfiar a cara. Entrei no único mini, mini, mini barzinho que tinha ali, e adivinhem! Não é que o moreninho havia ido para lá? (%&*$#&%)...

Mas sabe o que descobri aquele dia? O meu moreninho estava virando "ôminho". Ele tinha umas penuginhas nas axilas, e aquilo me chocou. E como! Saí de lá para nunca mais vê-lo na vida (claro que eu o vi muitas outras vezes, e até beijei a boca dele, Uiiaaa). E disso tudo aprendi uma grande lição, que batizei de 1º Lei Andressiana: - Jamais. Repito, Jamais faça xixi na roupa. Essas coisas só acontecem quando você encontra o seu principe encantado. (que hoje de encantado já não tem mais nada.. )


Ah, e antes que eu me esqueça, Juninho hoje é casado, tem um filho lindo (lindo como ele era quando criança e meu coração pulava por ele).
Eu, bem, sou casada com um Juninho. Destino? Vai saber...




3 comentários :

  1. loucuras da vida, e depois fica a história pra rir no futuro.....rsss
    bjos

    ResponderExcluir
  2. Junior????
    Fala sério??
    Mesmo???
    hoje pensei nisso:quando, como,onde???
    Kilindoooo

    ResponderExcluir
  3. Tudo em nome da manguaça, né amiga? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Cachaça e Junior - combinação que tem tudo a ver com você, rs rs rrsrsrsrs

    t'amo!!

    beijo

    ResponderExcluir

Obrigada pelo Comentário. Responderei assim que possível.
Andressa Bragança