{Espiritualidade | Liberdade | Viver o Namastê}

5 de janeiro de 2016





Vou começar esse post com uma frase que me veio à mente dia desses: "espiritualidade não é aquilo que você faz do lado de fora, mas, aquilo que você vive do lado de dentro."

Por toda minha vida eu sempre busquei ter uma vida espiritual. Desde criança sempre fui ligada à espiritualidade, e, já passei por diversas igrejas e religiões. Hoje, aos meus quase 37 anos, me considero apenas uma pessoa que vive a espiritualidade. Ou pelo menos que tenta vivê-la. Não frequento igrejas, não tenho uma religião. Passei por inúmeras igrejas e religiões, e também por diversos grupos espiritualistas por todos os meus anos da minha ainda curta vida, e, em minhas reflexões por esses dias, concluí que as pessoas não vivenciam a espiritualidade dentro delas. 

Esses dias, em uma discussão em um grupo, esse conceito ficou ainda mais claro pra mim. Por mais que pessoas se autodenominem espiritualistas, em suas práticas diárias notamos o quão longe a pessoa está daquilo que é sagrado. Longe de mim me comparar, não é isso. Mesmo porque eu luto diariamente pra baixar a bola da minha arrogância, adestrar meu ego inflado (ôhhh, e como é inflado!) e aprender a mansidão e humildade que pertencem à alma, que, conectada ao Divino me faz acessar o sagrado em mim. Enfim, o que quero dizer é que muita gente ainda não compreendeu o que é espiritualidade. Li tempos atrás em uma tag no facebook uma imagem que dizia assim: "religião é um rótulo na garrafa. Espiritualidade é o conteúdo dentro dela. Muitos brigam pela garrafa e não bebem seu conteúdo." Acho que é por ai, mas essa frase é bastante forte e revela o que de fato acontece em todos os lugares por onde já passei.

Em todos os meus anos de religião, eu praticava muitos rituais. Eu orava 3x ao dia, jejuava muito, chorava, estudei teologia, li a bíblia algumas vezes, já a estudei no grego, no hebraico, sabia versículos de cor, eu cantava, tocava instrumentos, dava aulas, pregava, pastorei uma igreja, fazia campanhas de jejum e oração, orava pelos enfermos e tudo o mais que você possa imaginar. Porém, eu era (ainda sou, mas num grau muito mais baixo) muito arrogante, dona da verdade, implacável, irredutível, birrenta, cheia de ódio e raiva, não mantinha minha boca calada, enfrentada os líderes, batia o pé, falava mal dos irmãos, fazia intriga...etc.. 

Um dia, eu despertei. A voz divina me chamou. E ela disse assim: "sabe o que você é? uma hipócrita!"
Nesse dia, ouvi tão claramente essa voz, que eu estava deitada, pulei da cama num salto, e fui pra frente do espelho. E chorei. Chorei tanto que achei que fosse morrer. Como eu era uma hipócrita? Como assim? Eu tinha uma 'vida espiritual' perfeita. Ninguém sabia a bíblia tanto quanto eu, ninguém orava e jejuava tanto quanto eu. Como assim eu poderia ser uma hipócrita? Isso aconteceu em 2007. 
Dai em diante, minha vida entrou num processo de desconstrução. Caramba! Você não tem noção do que sofri desde então. Desconstruir é a coisa mais dolorosa que podemos passar nessa vida. Ou sei lá, pelo menos pra mim tem sido.

Ah!!! E eu preciso dizer: existe um hino do qual eu cantava com toda fé e devoção e desejava de todo coração que aquela oração se realizasse na minha vida. O hino é esse:

Eu quero ser, Senhor amado
Como o vaso nas mãos do oleiro
Quebra a minha vida e faze-a de novo
Eu quero ser, eu quero ser um vaso novo

Como Tu queres
Senhor sou Teu
Tu és oleiro, barro sou eu
Quebra e transforma
Até que enfim 
Tua vontade se cumpra em mim

Eu pedi tanto, mas tanto, que Deus resolveu me atender. Tudo desmoronou. Todas as minhas crenças foram destruídas. Tudo o que eu acreditava ser espiritualidade foi desconstruída. Aos poucos, fui catando meus caquinhos, e joguei fora. É, porque com aqueles cacos não daria pra me refazer. Tive que começar do zero. O processo de reconstrução é tão doloroso quanto o de desconstrução. Mas, por fim, eu aprendi o que é espiritualidade: "espiritualidade não é aquilo que você faz do lado de fora, mas, aquilo que você vive do lado de dentro."

Então é isso? Toda aquela minha "aparência de santidade" não valeu nada? Não. Não valeu nada. Porque, tudo o que fizermos por aparência, ou, como rito, se não houver por trás um coração purificado, não vale nada.

Daí, hoje, eu vejo quantas e quantas pessoas estão fazendo as mesmas coisas que eu fazia. Eu sinto uma dor no peito, na minha alma, porque tenho vontade de dizer: "olha aqui, você é hipócrita, heim?" Porque, são tão teóricas. E suas teorias são lindas. Mas o problema é no momento de vivê-las. As pessoas destilam ódio, ofensas, magoam as outras pessoas sem se importar com nada. E isso tem acontecido em todo meio de espiritualidade que tenho estado. É muito triste. Eu sei que é porque também já agi assim. 

Queridos, se você me leu até aqui, deixa eu te dizer uma coisa:
Os eventos acontecem em nossas vidas como oportunidade de praticarmos a nossa espiritualidade. 

Você conhece o Namastê? Então, resumidamente, significa "me encurvo à você."

No Bhagavad-Gita diz: "O Deus que habita no meu coração, saúda o Deus que habita no seu coração (...). (...) Esse Ser está em mim, esse Ser está você. Está em você, e está em tudo. 

Quando eu compreendo o sentido de Namastê, eu me conecto com o divino dentro de mim, com o sagrado. Se eu estou conectada com o sagrado, como posso ofender você? Como posso desrespeitar seu limite?

Infelizmente, tenho visto em muitos meios, muita teoria de espiritualidade e pouca vivencia. Tantos rituais, mas, vazios de alma, de divindade. 

Por favor queridos, integrem o namaste. Vivam a espiritualidade dentro! Quando as oportunidades surgirem, tenham forças para praticar o namaste, para praticar tudo aquilo que você diz acreditar. 

A nossa liberdade consiste em liberdade de crença. Liberdade, porque o sagrado nos liberta de nós mesmos, de nosso ego, da nossa arrogância. Nossa liberdade não pode servir de pretexto para fazermos o que quisermos, ou, para tratar as outras pessoas como achamos convenientes. Isso não é sagrado. Isso é profano. Liberdade, é quando o sagrado me cura das minhas dores, das minhas crenças limitantes, me liberta do meu ego inflado, da minha soberba e arrogância. Ser livre é isso. Livre do peso que eu carregava e que não me pertence. Mas a minha liberdade não pode ser aval pra eu ferir o meu semelhante. Minha libertação não me permite invadir os limites alheios, a liberdade alheia. Não!!!!!!! 

Minha liberdade é para praticar a humildade, a espiritualidade, de forma que eu seja curada, que eu me encha de amor a tal ponto que transborde esse amor e inunde todos ao meu redor. Se eu usar o pretexto de "sou livre" para fazer o que quiser, ofender, agredir, entrar em brigas de egos, então, eu não entendi nada de espiritualidade, de sagrado. Não estou vivendo o namaste. E daí, qualquer coisa que eu faça, qualquer coisa mesmo, seja uma meditação, não serve de nada. Se torna vazio, em vão.

Quando eu compreendo que o sagrado habita dentro de você, eu me encurvo (em humildade, honra e respeito) diante desse divino. Eu não posso te ofender, porque se eu te ofendo, ofendo o divino em você, ofendo o divino em mim, ofendo o divino em todos nós. Somos todos um. Quando firo meu semelhante firo também todo o sistema sagrado. TODO! É por isso que nos tornamos responsáveis por toda desordem no mundo, porque, se eu ofendo um, ofendo todos e o sagrado, e a mim também. E o sistema entra em desordem.

Porém, da mesma forma, se eu respeito, honro e me encurvo com humildade em relação ao outro, faço isso também para mim e para o todo. Eu curo. Curo todo o sistema. Curo a mim, curo você, curo a humanidade.

O Sagrado está te chamando. Ele te desperta. Você quer ouvir? Olhe-se no espelho. Chore se for preciso. E desconstrua-se.

Namastê. Eu honro. Eu Respeito. Eu me encurvo perante o divino que há em você. Eu o amo. Eu o saúdo. Nos tornamos um. Eu curo você e me curo. Sou livre sim, livre para te honrar. 

Gratidão por ter lido até aqui. Que de alguma forma essa mensagem tenha falado com você.

Com amor.




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Andressa Bragança