{Sobre Depressão}

13 de setembro de 2016






Oi Pessoal, estamos em Setembro Amarelo, um mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio e gostaria de falar sobre este assunto contando a minha experiência.

Me descobri uma pessoa depressiva aos 17 anos. Não vou detalhar aqui, mas como você, diversos pensamentos cobriam minha mente. Hoje tenho 37 anos, e há 20 venho lidando com esse estado. A questão é que, sempre estive inconsciente e usava a depressão como desculpa pra minha posição de vítima. Hoje, já consigo ter consciência quando estou numa fase depressiva, e, tiro lições valiosas dela. E é sobre essas lições que quero compartilhar com vocês.


Basicamente os tipos de depressão são divididos assim:

  • Depressão Maior (ou Unipolar) - É grave e profunda. Esse tipo de depressão trás sintomas incapacitantes. Interfere no trabalho, causa dificuldades pra dormir, alimentar, manter atividades prazerosas, sociáveis etc. 
  • Depressão Menor (ou Distimia) - É menos grave. Trás sintomas crônicos e prolongados, porém, não tão incapacitantes quando a depressão Maior. Impede que a pessoa se sinta bem. Pode ocorrer episódios de depressão Maior.
  • Depressão Bipolar - É o que antes era chamada de maníaco-depressiva, ou, a bipolaridade. É caracterizado por ciclos de depressão e mania.

Quanto a origem, pode ser:
  • Depressão Endógena ou Biológica - Grave. De origem biológica, interna ou hereditária, sem relação com causas externas. 
  • Depressão Exógena ou Reativa. Causada por fatores externos. Traumas, estresse, perda etc.

Obs: Há controvérsias sobre a origem da depressão. Como todo tipo de depressão trás alterações na bioquímica do cérebro, não há um apoio científico que sustente a teoria da depressão endógena. Ou seja, todo tipo de depressão teria como origem um trauma externo e identificável que trás como consequências, distúrbios bioquímicos cerebrais.

Dos subtipos temos:
  • Depressão Sazonal: Acontecem de tempos em tempos no outono/inverno, devido a falta de luminosidade da estação, e melhora com a exposição  à luz, como com a chegada da primavera ou verão.
  • Depressão psicótica: Podem aparecer delírios e alucinações.
  • Depressão pós-parto: surge após o parto e gera sintomas como tristeza, irritabilidade ou rejeição do bebê.
  • Depressão Senil: Acomete idosos.
  • Depressão Atípica: Com sintomas contrários a depressão normal.
  • Depressão pré-menstrual: Sintomas de depressão durante o ciclo menstrual. 
  • Depressão infantil: Acomete crianças.

Eu sofro de depressão sazonal, ou seja, sempre no outono/inverno eu fico mais deprê, e na primavera/verão eu fico melhor. Porém, aos 17 anos tive depressão maior que me impulsionou os desejos suicidas, e depois disso, tive depressão maior mais 3 vezes. Em todas elas com impulsos suicidas e sintomas incapacitantes. Fora desses episódios, tenho depressão toda vez que entra o Outono, mas não é tão grave e incapacitante, apenas melancólico. Custei a entender e aceitar. Agora tenho mais capacidade pra lidar com essas fases.

Algumas pessoas quando estão em depressão não apresentam sintomas tão debilitantes. Eu só apresentava sintomas mais sérios quando a depressão me derrubava mesmo. Em outros momentos, eu vivia apática, triste, anti-social, amarga. Além destes sintomas, outros que experimentei (e alguns que ainda experimento) são: sentimento de rejeição, dificuldade em perdoar, remoer pensamentos negativos, tristeza, isolamento, medo, pânico, raiva, alterações de humor, agressividade, angústias, choros, etc. Fisicamente sinto (ou já senti): dores no peito, dores de cabeça, dor no corpo, enjoo, ânsia de vômito, ansiedade, tremores, suores, calores, confusão mental, falta de concentração, perda de memória, fome e as vezes falta de fome, muito sono ou insônia, etc. 

Eu nunca aceitei a depressão (até agora) porque, todas as vezes que me afundava na depressão eu acreditava estar sendo atormentada por demônios ou espíritos trevosos, ou, estar distante de Deus etc.. Como cresci no sistema religioso, era difícil encarar a depressão como uma doença. Eu a via como falta de Deus, ou talvez por estar em pecado, ou tormento demoníaco mesmo. Sempre que desabafava com algumas pessoas (na época, todas religiosas) a única coisa que ouvia é que eu precisava orar. Assim fui levando por quase 20 anos. Me sentindo culpada, com medo e lutando contra todos os sintomas da depressão, porque, como poderia eu estar em depressão?

Numa determinada vez, eu estava deitada no sofá, em depressão, com aquelas pensamentos suicidas e de repente pensei: "Não! Chega! Não vou mais ficar depressiva!" Levantei do sofá e fui dançar. Dali em diante, reprimi a depressão e tentei ter uma vida normal. Em vão. Mas nunca me tratei profundamente. Fiz um tratamento aos 17 anos e nunca mais. Acreditei que orar, jejuar e ler a Bíblia seriam o bastante.

Neste ano, por volta de Abril/Maio, a depressão me derrubou novamente. Eu achava que estava indo bem, no entanto, percebi que todo o tempo eu só reprimia a depressão. Eu vivia triste, não sentia alegria, prazer, só me culpava etc.. como eu poderia estar indo bem? E pela primeira vez em 20 anos, resolvi aceitar que eu era uma pessoa depressiva.

Em 20 anos, a depressão me derrubou 4 vezes. Em três dela, eu cheguei a tentar suicídio. Bem fracassado, por sinal, mas era tudo o que eu queria: morrer. Nesta última vez, no entanto, agi de forma diferente.

Como foi?
Bom, no final de Abril pra Maio/16, fui derrubada pela depressão por um start. Sei exatamente o que me levou à depressão (não vou detalhar o motivo), e desta vez, pela primeira vez, admiti que eu era uma pessoa depressiva, que estava em depressão e que precisava de ajuda.

Eu faço terapia já há alguns anos, mas, ao entrar em depressão desta vez, junto, veio o pânico, o medo e a ansiedade. Não tive condições de sair de casa para ir à terapia e nem conversei com minha terapeuta sobre isso. Bom, na minha última sessão com ela contei que me sentia vazia e depressiva com um desejo enorme de morrer, mas achei que era apenas um sentimento relacionado ao start, e que iria passar em alguns dias, mas, a depressão me pegou. Depois disso, não votei mais. Porque? Porque a depressão me deixou fraca. Física e emocionalmente. Não tinha forças nas pernas.. meu corpo não reagia. Não conseguia ficar de pé, não conseguia andar. Meu corpo doía de cima à baixo. era difícil respirar. Tinha palpitações constantes, uma ansiedade terrível, insônia de ficar 3 dias acordada e nem o chá mais forte de valeriana me ajudava.

Senti medo. Terror. Pânico. Eu só queria dormir para sempre. Meu desejo era morrer. Pensei em várias formas de tirar a minha vida. Eu chorava dia e noite sem parar. Um buraco imenso tomou conta de mim, e eu sentia que mergulhava nesse buraco sem fim e que jamais sairia de lá. 

Passado essas semanas, eu pensei na possibilidade de usar a depressão como ferramenta de minha cura. Já ouviu dizer que se cura intoxicação por veneno de cobra com o próprio veneno? Que a diferença entre remédio e veneno é a dosagem? Então... pensei em como a depressão antes venenosa, poderia se tornar meu remédio...

O que eu senti?

Bom, já falei acima o que eu senti: Medo, confusão, angústia, pânico, insônia, ansiedade, falta de fome, abandono, isolamento, só queria dormir, sentia muitas dores no corpo, não conseguia andar, nem pensar, nem falar, não queria ver ninguém, sentia irritação, agressividade, raiva, desamparo, desesperança, vazio, culpa, fadiga, dor no peito, dores fortes de cabeça, enjoo, dificuldade de memória, choro constante, sentimento de derrota, de incapacidade, não tinha forças físicas nem pra fazer xixi.. era um esforço sobrenatural levantar da cama pra fazer qualquer coisa e tudo o que eu queria era morrer.

Como eu lidei?

Como havia dito, eu não consegui ir à terapia. Não conseguia sair de casa. Precisei encontrar meios de lidar. Tomei alguns chás pra ajudar na insônia, mas estava tão grave que eu chegava a ficar até 3 dias acordada, direto. Quase surtei. Nem os chás resolviam.

Uma das primeiras coisas que fiz foi aceitar que eu era uma pessoa depressiva e que aquele era um momento de me resguardar. Estar com outras pessoas me fazia muito mal. Eu precisava ficar quietinha, sozinha. Então procurei ficar isolada no meu canto. A única pessoa com quem eu conversava era meu marido.

Compreendi que para conseguir lidar a depressão eu precisava falar sobre tudo o que estava sentindo da forma mais honesta possível. E meu marido foi esse anjo que me ajudou me dando colo e ouvidos. Desabafava com ele exatamente o que eu sentia, com todas as palavras que eu podia pronunciar. Quando não encontrava palavras, eu apenas chorava.

Outra coisa que fiz foi simplesmente viver a depressão. Eu não lutei contra ela. Não ficava 'pedindo à Deus pra me ajudar', ou, me entupindo de remédios. Aliás, eu cheguei a procurar vários psiquiatras, mas nenhum tinha vaga!!! Sei que dependendo do caso é necessário sim a medicação, mas eu escolhi não me medicar. Porque? Porque a medicação, embora acalme os sintomas (e nem sempre isso acontece) ela mascara a verdadeira razão da depressão e nos impede de resolvê-la, prolongando ainda mais este estado. No entanto, se você precisa de medicamento, POR FAVOR, não pare de tomar!!!!!! Principalmente se você tem acompanhamento médico. Eu tenho condições pra lidar com a depressão sem o medicamento (mas se eu estivesse num ponto onde o medicamento fosse necessário, eu tomaria sem pensar duas vezes), mas há pessoas que não conseguem lidar com essa fase sem um antidepressivo. Portanto, não deixe de tomar seu medicamento. 

Eu tomei bastante chá. Chá de camomila, cidreira, erva doce... Procurava ouvir canções de relaxamento, inspiração. E chorava. Muito. Xingava, deixava a raiva vazar, e vivenciei essa fase sem culpas. Ah, eu também apliquei o Reiki e pratiquei Ho'oponopono. 

O que foi mais difícil?

Bem, o mais difícil pra mim foi o não ser compreendida. Ser abandonada pelas pessoas que eu jurava serem amigas. Quando disse à essas 'amigas' que eu estava com depressão, fui criticada. A parte que mais me doeu foi ter ouvido o seguinte: "Tem pessoas com câncer lutando pra viver e você tá ai querendo morrer. Ergue a cabeça, dá a volta por cima, você tem tudo." Essa frase me marcou profundamente, doeu na alma. Além disso, todas as "amigas" desapareceram. No momento que mais precisei de amizade, fiquei só. Porém, pra compensar, meu querido esposo se mostrou a pessoa mais acolhedora que eu poderia encontrar. Um anjo. Um curador. Ele me cuidou, me amparou, meu acolheu e me ouviu. Sem julgar. Portanto, a parte mais difícil de estar com depressão é não ter compressão por parte de quem consideramos amigos. A falta de empatia e solidariedade dói bastante.

O que aprendi?

Quero pontuar tudo o que aprendi nessa fase:

1 - Aproveitei essa fase pra me olhar, pra ver minhas questões interiores, pra aceitar meus aspectos sombrios, meus medos, raivas etc. A depressão trás à tona uma série de emoções e sentimentos que antes tínhamos dificuldades em ver. Podemos usar a depressão como uma ferramenta para nossa cura e não como arma. Basta mudarmos a maneira como enxergamos a depressão. Me via 'nua' diante da vida. Exposta, com tudo o que realmente sou. Aceitei, sem julgamentos e culpas. 

2 - Culpa. Essa é uma coisa que precisamos falar muito sobre ela, mas, não o farei neste texto. Aprendi a não me culpar. A sociedade vê a depressão como frescura, como falta de Deus, falta do que fazer, preguiça, etc, e quando estamos nessa fase acabamos nos sentindo culpados. Afinal, tem tanta gente passando fome no mundo como eu posso me dar o luxo de ter depressão? Tenho casa, comida, família, tenho tudo pra ser feliz, tenho saúde, e estou deprimida? NÃO SE CULPE!!!. Ter depressão não é uma escolha sua. Sei que muita gente vai falar que você precisa reagir, precisa sair, ter pensamentos positivos etc... e vão te julgar, mas te peço por amor, não se culpe. Uma das coisas que mais me libertei nessa fase foi de me sentir culpada pelos meus sentimentos e emoções. Não vou dizer que não sinto mais culpa por outras questões, porque como falei, culpa é assunto longo que precisa ser falado e tratado. Eu ainda sinto culpa por algumas coisas, mas não me sinto mais culpada por ter depressão, por ter medo, raiva, vontade de morrer. 

3 - Aprendi a aceitar primeiramente, a depressão, depois, aceitar todos os sentimentos e sintomas que vem acompanhado. Uma coisa que mais vivenciei foi a certeza de que essa fase, uma hora ou outra, iria passar. Desta última vez que tive depressão a fase durou 5 meses. Eu resolvi sossegar. Ficar quieta e me acalmar. Deixei que meu corpo e minha alma experimentasse com toda profundidade possível, todas as reações que surgem com a depressão. Deixei o olho chorar o quanto ele queria. Deixei a barriga doer, senti todas as dores do corpo, enquanto ficava três dias acordada, eu ficava atenta, não brigava com o sono, apenas tomava meu chá e observava meu corpo, minhas emoções. Deixei os sentimentos mais sombrios falarem. A raiva, o ódio, a irritação, a solidão, etc. Deixei que eles se manifestassem sem julgá-los e sem reprimi-los. Eu mantinha a mente focada na certeza de que essa fase iria passar. Eu não tive pressa. Pensei: "demore o quanto durar, vou apenas esperar passar." Não ficava brigando com meus sentimentos, sentindo culpa por não querer trabalhar, não querer comer, nem tomar banho, nem ver ninguém. Apenas deitei na proa, e deixei o mar me levar.

4 - Aprendi também que pensamentos positivos não resolvem nada. Sabe aquele papo de: "você precisa pensar positivo", "precisa sair com os amigos", "vai num parque, no cinema, num teatro", "receba os amigos", "faça as coisas que você mais gosta", "cuide de si mesma"? Então, nada disso resolve. É sério. A última coisa que uma pessoa em depressão quer é ficar rodeada de gente, sair de casa, ver filme, cuidar de si mesmo. Ela está deprimida, gente!!! A gente só quer morrer. Quer ficar só. O máximo que a gente consegue é ter alguém que fique quietinho do nosso lado para nos ouvir quando queremos desabafar. A gente só quer um abraço bem apertado. A gente só quer ouvir "estou aqui com você", "eu te compreendo". Não queremos conversar qualquer outro tipo de assunto porque tudo o que nos importa nesse momento é a nossa dor. Sim, a depressão é egoísta sim, porque estamos tão feridos, tão profundamente doloridos, que tudo o que queremos é um bálsamo para nossa dor. Conversar qualquer outra coisa não cura nossa dor. Sair de casa, ir no cinema, etc, não cura aquela dor profunda. A pessoa deprimida está introspectiva, introvertida, isolada em si mesma, num casulo, numa caverna e ali, ela só quer acolhimento. Um abraço sincero é tudo. Muitas das pessoas depressivas que cometem suicídio, o fazem justamente por não encontrarem esse acolhimento. A falta de empatia e compreensão causa uma dor ainda maior na pessoa depressiva. Isso me fez refletir bastante sobre como olhar para outra pessoa deprimida. Sem julgar. Sem dar "bons conselhos". Apenas amar, acolher, abraçar e ouvir.

5 - Tive inúmeros pensamentos suicidas. Mesmo durante o tempo que a depressão estava ali quietinha, sem atacar abertamente, eu sempre pensei em morrer. Sempre. Desde sempre. Esses pensamentos permeiam minha mente desde que me entendo por gente. Desejo de morrer faz parte do ser humano. Todos os seres humanos um dia ou outro já pensaram em morrer. Na depressão, esses pensamentos se intensificam e podem, inclusive, criar forma e serem concretizados. Já passei algumas vezes por isto, onde quase cheguei às vias de fato (por Deus, ou sei lá o que!), e sempre me via com esse desejo. Vira e mexe eu me via me jogando em frente ao metrô, ou de um carro, ou me esfaqueando, ou me jogando de um prédio. O ímpeto é imenso. Não sei como nunca fiz isso, mas meu corpo chegava a se mover para realizar tal feito. Eu poderia ter conseguido lá atrás. Não consegui. Ainda bem!!! O fato é que desta última vez, eu deixava os pensamentos vazarem o máximo possível. Me mantinha deitada por segurança, enquanto todos os pensamentos suicidas passavam pela minha cabeça. O que eu fiz? Pensava sobre eles com todos os detalhes possíveis. Desde qual seria o ato, até o velório, enterro, o sofrimento dos meus filhos e família. Claro que, naquele momento, eu acreditava que ninguém se importaria se eu morresse ou não. Sabia que se eu morresse meus filhos estariam bem cuidados pelo pai, meu marido sofreria por um tempo mas logo se acostumaria. Não teria ninguém para sentir minha falta. É isso que a depressão faz. Ela faz você sentir que não tem valor, que ninguém se importa, que você não é amada.. mas é só a depressão falando..



Porém, eu tive consciência que esses sentimentos faziam parte de algo maior, de um sentimento de rejeição, de abandono, de dor. A depressão, como falei lá em cima, trás à tona todos os nossos sentimos reprimidos, e junto à eles, a dor de não se sentir amado. Então, eu tinha em mente que, aqueles pensamentos suicidas faziam parte da depressão, não eram exclusivos meus, um desejo real. Era um desejo fantasioso, porque no fim das contas o que a gente realmente quer, é acabar com o sofrimento da alma, com a dor, e não com a nossa vida. O problema, é que enquanto estamos deprimidos, nossa visão da vida fica embaçada, nossa mente fica confusa e não temos esperança nenhuma de que um dia as coisas possam melhorar. Mas eu garanto à você: VAI PASSAR

O que posso ensinar com aquilo que aprendi?

Olha, não sou profissional no assunto depressão não, mas, sabedoria a gente adquire através das experiencias da vida, e, quero compartilhar com vocês aquilo que aprendi. Pode ser que você já saiba de tudo isso, mas, tem muitos que ainda não sabem e podem tirar proveito dos meus ensinos aqui.

Para quem está em depressão eu digo que:

1 - Não se culpe. É a primeira coisa que tenho a te dizer. Por favor, não se culpe por estar em depressão. Muitas pessoas vão te julgar, te criticar, encher sua cabeça com ideias positivistas, vão dizer que há muita gente no mundo doente, com fome, lutando contra doenças terríveis querendo viver, enquanto você está aí "deprimido pelos cantos" querendo morrer. Elas vão dizer!!!! Aguente firme. Tem horas que será preciso mandar se foder. Faça isso sem medo e sem culpas. Muita gente não entende a depressão. Infelizmente ainda é um grande tabu, mas só quem passa sabe. Então, por gentileza, pare de se culpar. 

2 - Viva a sua depressão. Não entre em guerra com ela. Não a reprima, nem acredite que ela é o fim. Não é. Entregue-se à ela de maneira consciente. Aceite a depressão como um processo importante para a cura de suas feridas e para seu crescimento. A depressão é um momento importante pra você deixar seus medos e angústias extravasarem. Sabe uma ferida purulenta? Pra curar, você precisa expurgar todo o pus. É o pus (a inflamação/fogo) que faz a ferida doer. Quando expurgamos o pus a ferida começa a cicatrizar. Em nossa alma é a mesma coisa. Nossa alma está inflamada pelo fogo dos sentimentos, raiva, ódio, magoas, abandono, rejeição, solidão, traumas, etc, e a depressão vem para nos curar. É um expurgo. Aceite. Deixe vazar toda a raiva, todo sentimento de tristeza. Esteja presente nessa fase, observe todos os seus sentimentos sem reprimi-los ou julgá-los, apenas viva-os e deixe-os ir. 

3 - Converse. Converse sobre seus sentimentos da forma mais honesta que puder. Se não encontrar alguém para conversar desabafe com você mesmo. Mas tente ser sincero, sem esconder sentimentos ou se culpar. Diga o que realmente está sentindo, com todas as letras.

4 - Chore. Quando não tiver palavras pra expressar, apenas chore. Chore muito. Mas chore mesmo. Não guarda o choro não. Chore. Tá se sentindo um nada? Chore. Se vitimize mesmo. Se sinta coitado, digno de pena, porque é exatamente isso que sentimos quando estamos deprimidos. Então, não venha com esse papo de "não posso me vitimar". Pode sim. Deixe esses sentimentos saírem de você. Se você não permitir sentir honestamente o que está sentindo, a consequência é que esses sentimentos só ganharão força e ficará cada vez mais difícil você sair da depressão. Portanto, chore muito quando se sentir abandonado. Você já ouviu a frase "aceita que dói menos", né? Essa frase é uma grande verdade. Quanto mais você aceita, menos vai doer. É como quando somos ofendidos. A ofensa só dói quando a gente não aceita. Se a gente aceita, ela não dói. Oi? Como assim? É isso mesmo! Por exemplo: Se alguém me xinga: "Sua Vadia!!!". Se eu digo: "Você está certo, sou vadia mesmo!" A ofensa não vai me doer. Quando eu aceito aquela 'ofensa' como aquilo que eu realmente sou (ainda que eu pense que não seja) a ofensa não vai machucar. É assim como nossos sentimentos quando estamos deprimidos também. Se você se sente inútil, aceite. Se sente vazio? Aceite. Tá se sentindo a pior pessoa do mundo? Aceite. Aceite, e depois, compreenda que tudo isso é a depressão falando, não o real, e logo logo isso tudo vai passar. E são nesses momentos em que ficamos remoendo esses sentimentos tristes é que choramos. Então, chore muito. De perder o fôlego. O Choro limpa todas as impurezas do nosso corpo e da alma.


5 - Desenhe seu sentimentos. Eu muitas vezes sentia um buraco escuro me engolindo, então, eu dizia exatamente isso: "vejo um buraco profundo, escuro, e esse buraco me engole e eu caio nele, e não sinto qualquer esperança de sair dele". Então eu desenhava esse buraco me engolindo. Faça isso. Desenhar é uma terapia que pode te ajudar nessa fase depressiva.

6 - Medite. Ore. A meditação e oração são sim um bom suporte pra atravessar esse momento. Você não vai orar pedindo a Deus pra te livrar da depressão, pra te curar, não é nada disso. Sua oração na verdade será uma conversa franca com o Divino que habita em você. Converse com Ele/Ela. Desabafe honestamente. E medite.  Meditar ajudar a purificar a mente. Não é fácil, já adianto, mas ajuda e muito.

7 - Respire. Procure respirar conscientemente. Faça alguns exercícios de respiração. Inspire profundamente (respiração diafragmática) e perceba o ar entrando. Expire, e perceba o ar saindo. Só isso. Fique uns minutos assim. Esse exercício ajuda a oxigenar as células e limpa o corpo de impurezas. Logo, limpa a alma também. 

8 - Tome sol. É fundamental tomar um solzinho. Eu fazia isso todas as manhãs. Colocava a cadeira no quintal e ficava lá, com minhas dores. Acredito que tomar sol me ajudou profundamente.

9 - Ouça canções relaxantes. Procure não ouvir essas músicas muito "perturbadoras" não. Já é comprovado que músicas relaxantes tem o poder de modificar as nossas sinapses trazendo autocura para nosso corpo. Ouça boas músicas.

10 - Se afaste de tudo o que te deixa pra baixo. Músicas, alimentos, programas de tv, notícias, pessoas. Esteja perto de tudo o que te faz bem. Há pessoas que são bênçãos em nossas vidas, esteja perto delas. Procure estar mais próximo à Natureza. Visite um parque, ou até mesmo o seu quintal. Pise no chão, esteja perto de árvores, plantas, animais. Se alimente com frutas, verduras e beba muita água.

E tenha paciência. Vai passar. Eu garanto. Flua como o rio. Apenas deslize e desague no mar. Não nade contra, não suba a correnteza. Apenas deixe-se levar. Mas, tenha consciência desse momento. Siga esses simples conselhos que irão te ajudar, e espere. Vai passar sim. E eu estou aqui com você. Acredito em você! ♥



Para quem vai ajudar um depressivo, eu digo:

1 - Por gentileza, por amor, não julgue. A pior coisa que pode acontecer para quem está em depressão é ser julgado. Se você não pode ser uma luz e uma bênção para seu próximo, se afaste. Mas não julgue, por favor!

2 - Apenas diga: "Estou aqui com você". "Eu te compreendo". Ouça o depressivo. Não há mais nada a ser dito. Uma pessoa em depressão não precisa de sermão, não quer ouvir ninguém, ela só quer ser ouvida. Frases do tipo: "pense positivo", "tem gente pior que você", "isso é só frescura", "você tem tudo e tá deprimida?" não ajudam. Só pioram. Não seja essa pedra que afunda ainda mais a pessoa depressiva, seja um bálsamo na dor, um guincho que puxa pra cima. Se ela quer desabafar, apenas ouça. Silenciosamente e amorosamente. 

3 - Abrace. Um colinho aconchegante cura tanto!!! O abraço tem poderes mágicos. Ele acalma, regulariza a pressão sanguínea, libera hormônios de alegria, prazer e relaxamento, trás bem-estar e inúmeros outros benefícios. Abrace bem apertadinho.

4 - Dê um mimo. Pode ser uma cartinha, um bombom, um ursinho, uma passagem nos pés, nos ombros, um cafuné. Mime a pessoa depressiva. Ela precisa se sentir amada e acolhida.

5 - Respeite o tempo da pessoa depressiva. Não será no seu tempo que ela irá melhorar. Pode ser que demore. Não fique dizendo "já chega, já deu, já passou da hora". Não é você que decide, é o corpo dela. Respeite.


Bom, isso é tudo (aliás, não é tudo, teria muito mais pra dizer aqui, mas o texto já está imenso rs).

Eu não sei se terei outra crise depressiva como esta, mas, se acontecer, estou muito mais preparada para lidar. Sei que todos os anos no Outono eu fico down, mas consigo levar. Numa depressão mais grave como esta última, se não tivermos consciência e ferramentas, facilmente sucumbimos. É por isto que digo pra você que está nessa fase: Estamos Juntos! Conte comigo. Se precisar desabafar, você pode me escrever contato@andressabraganca.com.br porque sei que muitas vezes tudo o que a gente quer é conversar, ser compreendido. Eu compreendo você. Eu entendo você. Acredito em você. Conte comigo!
Eu te amo. Eu sinto muito. ♥

Depressão tem tratamento, e eu acredito que uma cura também. Procure um médico psiquiatra, um terapeuta psicanalítico ou um terapeuta vibracional. O Reiki, o Ho'oponopono, entre outras técnicas de harmonização e equilíbrio, podem ser muito úteis nesse momento. Se precisar, entre em contato comigo.


Vamos nos curar umas às outras, porque a mulher que cura a si mesma se torna um canal de cura para outras mulheres. ♥  (e homens também!)

#ADepressãoeEu

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Referências:
http://ifightdepression.com/pt/index.php?id=7002
http://www.psico-online.net/psicologia/depress%C3%A3o.htm
http://www.tuasaude.com/9-tipos-de-depressao/
http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/5252/-1/transtorno-depressivo-maior.html




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Andressa Bragança