{Solstício de Verão - Anuário da Grande Mãe}

19 de dezembro de 2016







21 de Junho no H. Norte
21 de Dezembro no H. Sul


Os povos antigos festejavam a noite mais curta e o dia mais longo do ano com diferentes celebrações: Vestália, em Roma; o Dia dos Casais, na Grécia; festa de Epona, no País de Gales;  Thing-Tide, na Escandinávia; Alban Heflin, na tradição anglo-,saxã ou a Dança do Sol, dos nativos norte-americanos.

O auge da luz solar marcava o poder máximo do Sol, prenunciando, também, o começo de seu declínio. Por isso, o solstício de Verão era um marco, assinalando o início da metade escura do ano ao
contrário de Yule.

Em Litha, a Deusa e o Deus estão vivendo o êxtase de sua união; a natureza comemora com a beleza das flores e a abundância dos frutos. A Deusa e a Terra estão plenas de promessas e os rituais visam nutrir e estabelecer a nova vida no ventre humano, animal e no da própria natureza. No entanto, não era reverenciada somente a maternidade; como o Sol iluminava no céu e o Deus atingia novamente o auge de seu vigor, festejava-se, também, sua paternidade e a glorificação da luz. Encenava-se, ativamente, a batalha entre o Rei do Carvalho e o Rei do Azevinho. Porém, desta vez, o Deus Solar é vencido por seu irmão, o Deus Escuro. Por mais paradoxal que isso possa parecer, estando-se no auge da luz, é assim que se inicia a inevitável jornada do Deus Solar para as profundezas da escuridão.

Esse paradoxo nos lembra que a mudança é a essência da vida, tudo carregando dentro de si a semente de seu oposto. Esse princípio da mudança eterna é exemplificado pela odisseia do Deus em seu ciclo anual.

O amor passional entre o Deus e a Deusa atinge seu clímax neste Sabbat, a  exuberância da natureza sendo a manifestação desse orgasmo cósmico. A Deusa, radiante e plena, floresce por toda a parte. Em breve, de seu ventre pesado, nascerão as colheitas. O Deus, em seu amor pela Deusa,modifica-se; o alegre e vibrante Deus Verde da Vegetação amadurece e, com certa melancolia, inicia a jornada sobre o oceano para o oeste, fundindo-se no Sol poente e mergulhando no mundo subterrâneo.

Apesar de Litha ser um festival de fogo, a água tem grande importância como elemento de transformação. A imagem do Sol refletido na água simboliza a fusão do masculino e do feminino e, sua transformação pela água, o reflexo dourado da luz no cálice sagrado.  A atmosfera deste Sabbat é de plenitude, realização, manifestação e mudança. Todos os desejos podem ser realizados, pois a Deusa e a Terra estão plenas de possibilidades e a força vital está em seu auge.

Em Creta, o Ano Novo começava no solstício de verão, marcando o fim da colheita do mel. Para os cretenses, o zumbido das abelhas era a voz da Deusa anunciando a regeneração. O touro personificava o Deus - como f!lho e consorte - e, ritualisticamente, era sacrificado para simbolizar a morte de Deus e seu renascimento da entranhas da Terra. A lenda do Minotauro representa, simbolicamente, a descida para a escuridão, encarando os medos e encontrando os meios da regeneração, ao seguir o fio da vida tecido pela Deusa.

No solsticio de verão, pode-se escolher como tema a jornada no labirinto, o mito de Ariadne ou de Arianrhod, a descida de Perséfone ou Inanna ao mundo subterrâneo. Associadas a este Sabbat estão as deusas da Terra e da beleza como Afrodite, Aine, A Mãe do Milho, Anahita, Arianrhod, Astaru
Coatlicue, Freya, Gaia, Inanna, Ishtar, Mawu e Rhiannon, entre outras.

Os elementos ritualísticos são baseados no calor, na vibração e nas cores do Sol e do verão. São imprescindíveis as fogueiras, as tochas ou as rodas solares acesas, de palha ou galhos ou uma profusão de velas vermelhas e cor de laranja. Cortam-se as ervas sagradas - lavandas, hipericão, arruda, sorveira, verbena, alecrim - com a faca ritualística ao amanhecer e preparam-se os amuletos de proteção, colocando as ervas em saquinhos de pano vermelho junto com sal grosso, carvão, símbolos rúnicos, inscrições cabalísticas e cristais. Confeccionam-se, também, as rodas solares de proteção com galhos entrelaçados, enfeitados com fitas e flores amarelas, penas, conchas, sinos e cristais, que serão purificadas com incenso de alecrim, louro ou carvalho e colocadas acima das porta ou sobre os telhados. O altar deve ser enfeitado com flores de girassol, camomila, calêndula, laranjeira, galhos de hipericão (a verdadeira erva de São João), tomilho, alecrim e capim santo. Durante os rituais, prepara-se água solarizada e imantam-se cristais e talismãs ao nascer do sol, purificando-se as pessoas, os objetos, os carros e os animais com fumaça de ervas sagradas e água do mar. Pede-se a benevolência dos Seres da natureza para as colheitas ofertando-Ihes pão, leite, manteiga e mel.

Finaliza-se com a dança espiral, a procissão no labirinto e a consulta aos oráculos. A comemoração é feita com pães especiais, frutas batatas assadas, vinho de sabugueiro, hidromel, cidra ou vinho branco com especiarias.

Nos tempos antigos, os casamentos eram celebrados em junho para garantir a fertilidade, sendo esta uma data muito propícia, embora diferente de Beltane, que era reservada aos ritos de fertilidade e ao
Casamento Sagrado das divindades.

Na Europa, principalmente em Portugal, as celebrações deste Sabbat foram absorvidas pela festa popular que tem lugar de 23 para 24 de Junho. Oficialmente, trata-se de uma festividade católica, em que se celebra o nascimento de São João Batista, mas a sua origem é a antiga festa pagã do solstício de Junho.  As pessoas festejavam a fertilidade, associada à alegria das colheitas e da abundância, uma festa cheia de tradições, das quais se destacavam o uso mágico do manjericão, dos alhos-porós (simbolo fálico da fertilidade masculina) e da era cidreira (representando os pelos pubianos 

femininos). Atualmente usa-se a erva de São João (ou hipérico), com fins curativos ou mágicos, como proteção ou para proporcionar bons sonhos e presságios. As antigas homenagens aos Seres da Natureza ou às Divindades do solstício foram substituídas pelas populares e folclóricas festas juninas, com fogueiras e danças ao redor.


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Fonte
Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur




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Andressa Bragança