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Onde está Jesus na sua vida? Parte 2
"A religião é o suspiro da criança acabrunhada, o coração de um mundo sem coração, assim como também o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo." Karl Marx
Sim, a religião é o opio. Assim como a xilocaína para aliviar a dor de dente, como o Basilicão para aliviar a dor do furúnculo, a religião é um anestésico para as dores da alma. Mas, anestesia não é cura. E isso me incomodava muito na religião.. Na igreja, eu chorava minhas lamúrias, pedia orações, orava, jejuava, fazia campanhas e e vinha pra casa aliviada, mas nunca curada. Havia um buraco dentro de mim que ansiava por um encontro verdadeiro com Cristo. Eu desejava ter um encontro com aquele que iria transformar a minha vida.
Em 2007, já profundamente cansada, deixei a igreja. Estava aliviada. Era um fardo pesaroso demais pra carregar.
Em 12 de Março de 2008, minha jornada rumo ao abismo do meu ser, dava o ponta pé.
Meu marido trabalhava na época com uma rapaz que igualmente havia deixado a igreja evangélica, e agora se tornara um rabino.
Um, digamos, judaísmo messiânico (judaísmo messiânico não existe, mas é uma forma de vocês entenderem o viés da religião que estávamos adentrando, onde pessoas consideradas judias, ou até judeus mesmo, acreditavam em Jesus), onde voltamos às praticas bíblicas dos fiéis da primeira igreja. Aqui, todas as minhas crenças anteriores foram colocadas no fogo. Morri.
Quando descobri que toda aquela doutrina ensinada nas igrejas estão equivocadas, que a igreja evangélica é filha da igreja católica, e que a católica é fruto do paganismo, pirei. Pirei legal. Surtei. Perdi totalmente a minha fé.
Passei um ano estudando a bíblia toda novamente. No grego, hebraico, aramaico. Tínhamos um grupo de estudos onde questionávamos todas as doutrinas e íamos à fundo nas escrituras. Vocês sabe o que é estudar a bíblia? Não, vocês não sabem não, se soubessem já teriam abandonado o sistema há muito tempo... E lá fui eu estudar hebraico e grego, ler a bíblia nos mais fiéis escritos possíveis, estudar de frente pra trás, de trás pra frente, e no fim, descobrir que tudo o que aprendi até então, estava equivocado.
O ano de 2008 foi um ano de morte e de despertar. Acendeu uma luz na minha mente que me ofuscou. Depois de tanto estudar, e quase morrer literalmente por estudar tanto (quase enlouqueci) entrei no ceticismo. O ano de 2009 foi um ano de puro ceticismo.
Não conseguia acreditar em mais nada. Voltei ao estado zero, embrionário, onde o nada era tudo o que eu tinha. Não tinha Deus, não tinha Jesus, não tinha fé. Nada. Um completo vazio. Acreditei que jamais sairia daquele estado. Eu entrei num surto espiritual muito doido.. pensei inclusive em me matar tamanha era a dor do vazio. Quem somos nós? Se não existe Deus, porque estamos aqui? Pra que temos consciência? De onde viemos? Pra onde vamos? Quem sou eu? Qual a origem de tudo? Esses questionamentos me atormentaram tanto que temi ficar louca. Achei que morrer seria a melhor saída, afinal, se não existe nada mesmo, qual o sentido de tudo isso? Pensa, uma pisciana com ascendente em escorpião, naturalmente mística, ansiosa por espiritualidade, descobrir que não existe nada além disso aqui que podemos tocar? Foi tão insuportável que, foi a partir dessa depressão que comecei minha terapia.
Primeiro, com o nosso amigo na época, que foi o responsável por nos apresentar o judaísmo. Depois, mais tarde, com a minha atual terapeuta.
Em 2010 resolvi voltar a estudar. Entrei no curso de psicanálise (na verdade, psicologia profunda, de Jung), mas, foi difícil assistir a aula sobre mitologia.. pra mim, aquilo já era demais. Abandonei o curso. Voltei a estudar a bíblia, pra ver se encontrava uma pontinha de fé onde eu pudesse me agarrar. Eu sentia como um buraco me engolindo, sem fundo, sem fim... E para me manter lúcida e não enlouquecer, nos tornamos lideres espirituais de uma beit (casa de estudos, orações e cultos judaicos). Meu marido e eu. O nome da nossa casa era Beit Chadash (casa de renovo). Tivemos experiências incríveis nesse tempo, e eu estava mais, digamos... fortalecida na fé. Tinha certeza que agora sim, havia encontrado Deus, havia encontrado o caminho para minha espiritualidade, os questionamentos esfriaram, a terapia estava me trazendo mais consciência, até que ....
... Em meados de 2011, a cabeça questionadora começou a ferver novamente. E se esse caminho que estou agora ainda não for o correto? E se tudo isso que fazemos também estiver equivocado? Havia rituais que fazíamos que minha alma sentia profundo incomodo.. eu sentia, la dentro, que aquilo não estava certo.. ao menos naquele contexto, naquele momento. E lá fui eu estudar novamente feito louca. E pra minha surpresa, e dos demais lideres do grupo, descobrimos que tudo aquilo que estávamos fazendo, também estava fora da realidade bíblica. Jesus morreu pra mim. Mais uma vez.
Aqui, voltei ao estado zero, outra vez. Jesus não existe. Deus não existe. Nada existe. Dei um fim a tudo, e em dezembro de 2012 saí, definitivamente, da religião.... judaica-cristã.
(estou relatando tudo isso pra vocês entenderem a minha resposta à pergunta que a colega cristã me fez: "Onde está Jesus na sua vida?")
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