O solstício de inverno é uma data muito importante para os nativos norte-americanos porque marca o início de um novo ciclo. Aparentemente, o Sol não se move por quatro dias e os nativos chamavam este período de "Regeneração da Terra". Estes dias são dedicados a jejuns, orações e rituais de "fortalecimento" do Sol. Os xamãs abriam as "Sacolas de poder" da tribo e refaziam-nas, enquanto as pessoas eram purificadas e abençoadas.
No antigo Egito, comemorava-se, nesta data, o renascimento do deus solar Ra e a criação do Universo. Se chovesse, acreditava-se que eram as lágrimas de Ra, abençoando a terra neste início de um novo ciclo.
Vários outros deuses solares, de várias culturas, eram celebrados; dentre eles, Apolo, Balder, Bel, Frey, Lugh, Mabon, Mithra e Quetzalcoatl. Foi por causa da força dessas comemorações que a Igreja Católica escolheu essa data para celebrar o nascimento de Jesus.
Yule era um Sabbat extremamente importante para os povos nórdicos e celtas, suas tradições tendo originado os atuais costume do Natal. Yule significava, em norueguês arcaico, "roda" e este Sabbat era considerado o "tempo de mudança". Na Roda do Ano, Yule é o oposto de Litha, marcando o início da metade clara do ano e o fortalecimento da luz.
Na tradição nórdica, Yule era celebrado durante doze noites. A primeira - na véspera do solstício - era chamada "A Noite da Mãe", sendo dedicada à deusa Freya. A Grande Mãe, a Criadora do Universo, era reverenciada pelos celtas e representada no topo da "Arvore do Mundo".
Com o passar do tempo, ela foi sendo substituída pelo anjo ou pela estrela no topo da árvore de Natal. A Deusa transforma-se: de Anciã velada, guardiã do mundo subterrâneo de Samhain, ela torna-se, agora, a mãe amorosa e cheia de vida, dando à luz seu filho solar.
Na tradição druida encenava-se, nesta data, o combate entre o "Rei do Carvalho" - o regente da metade luminosa do ano, de Yule a Litha - e o "Rei do Azevinho" - o regente da metade escura do ano, de Litha a Yule. Essa luta, vencida pelo Rei do Carvalho, simbolizava a vitória da luz, da expansão e do crescimento sobre a escuridão, a decadência e a aridez. O visco, a planta sagrada, era colhido com foices de ouro e distribuído pelos sacerdotes aos participantes como um talismã de boa sorte e proteção.
Confeccionavam-se, também, guirlandas de pinhas e frutas secas dedicadas à Deusa em seu aspecto de "Tecelã da Vida", simbolizando a Roda do Ano. Os povos escandinavos e saxões enfeitavam pinheiros com oferendas para as Divindades e os Espíritos da Natureza, costume este que originou no século XVI, a Árvore de Natal. A figura de Papai Noel surgiu das crenças dos lapões, cujos xamãs, viajando em trenós puxados por renas, levavam as dádivas de cura e auxílio às pessoas necessitadas.
No solstício, os romanos celebravam o deus Saturno com as festas libertinas da Saturnália e com a distribuição de presentes para amigos e familiares. O deus solar Apolo também era homenageado, as casas sendo enfeitadas com galhos de louro e lamparinas acesas. Na Africa, o festival Kwanzaa celebra os Sete Princípios da Vida, enquanto a festa judaica Hanukkah comemora a Luz.
As divindades solares relacionadas a este Sabbat são os deuses Apolo, Attis, Baldur, Dioniso, Frey, Horus, Lugh, Mabon, Mithra, Odin, Osíris, Quetzalcoatl, Ra, Surya e Tammuz e as deusas Amaterasu, Arinna, Bast, Befana, Bertha, Grainne, Holda, Lucina, Olwen, Shadhi, Sunna e as deusas tecelãs.
Yule é a noite mais longa do ano no hemisfério norte mas, por conter em si a semente da luz - que começa a aumentar juntamente com a duração do dia - é o momento adequado para tentar vislumbrar o futuro, buscando presságios e sinais ou orando, meditando e confiando nas orientações de sua voz interior. A atmosfera deste Sabbat era de alegria, celebração e confiança nas promessas do retorno da luz, da renovação e do renascimento.
Atualmente, nos círculos de mulheres, celebra-se, também, o nascimento da criança solar, a Deusa dando à luz, bem como a ativação da energia vital, as novas idéias e os novos planos preparando o futuro.
Os elementos ritualísticos para Yule são as velas vermelhas, verdes e douradas, as guirlandas de pinhas, flores frescas e secas, nozes, sinos e fitas coloridas, os galhos de pinheiro e cedro enfeitando o altar, juntamente com folhas de louro, azevinho, hera e visco. A iluminação é feita com tochas e Iampari nas e o elemento central é o tronco com três velas - "Yule log" - ou um pequeno pinheiro enfeitado com doze estrelas representando as constelações, dez globos prateados representando os planetas e uma deusa ou anjo no topo. Os incensos e essências correspondentes são de louro, carvalho, junípero, pinheiro, alecrim, sândalo e canela. As pedras são a granada, a esmeralda, o rubi, o diamante e o cristal de rocha. Pode ser encenado o nascimento da criança solar, fruto do casamento sagrado do Deus e da Deusa ou a luta entre o "Rei Azevinho" e o "Rei do Carvalho", que tinha sido derrotado no solstício de verão, mas agora vence. O Rei do Azevinho, por sua vez, é recebido pela Anciã, que o conduz ao mundo subterrâneo, onde ele passará os próximos seis meses, à espera de um novo combate. Os participantes preparam oferendas para as divindades e levam-nas para um bosque ou alguma árvore, brindando com sidra ou vinho branco. O ritual pode ser encerrado com a cerimônia nativa de "give away": as pessoas trazem algum objeto que foi importante em suas vidas e passam-no a outra pessoa, contando sua história e sua mensagem simbólica de renovação.
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Fonte:
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
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