{Solstício de Verão - A Bruxa Solitária | Rae Beth}

19 de dezembro de 2016







Queridos Tessa e Glyn,

Um pouco tardia, como sempre, esta carta.

Devo iniciar falando a respeito do solstício de verão? O Sol está em seu mais alto grau, isto é claro (mesmo com toda a chuva e o eventual frio fora de época: aquela promessa de calor do nosso Beltane não durou muito!). De agora em diante, em termos de ciclo anual, as coisas mudam. Nos "trabalhos" dizemos que a mudança ocorre por causa da culminação.

Agora o Rei Sol conheceu o amor total da Rainha do Verão. Por isso é que ocorre a mudança de direção. Inspirado pelo amor, ele começa uma nova busca, zarpando para a Ilha do Renascimento. Assim, o Deus do Sol míngua no mundo exterior, enquanto ganha forças em reinos interiores, como o Rei da Noite.

No solstício de verão podemos celebrar tudo isso e nos alinharmos com a mudança. Porque a nova aventura do Rei Sol é a busca do herói, concluímos o rito chamado o herói/a heroína dentro de nós mesmos. E chamamos o Deus do Sol para abençoar toda a Terra, e espantar as forças destrutivas. Devemos entender que o heroísmo de uma bruxa não está ligado a almas ou a conquistas, mas sim à procura de coragem para curar e transformar. Em face das pressões sociais, para manter-se quieta, protestará contra a opressão, contra os danos ecológicos, contra a poluição industrial e contra a continuidade dos desastres nucleares. Como também se manifestará politicamente com heroísmo, defendendo a Mãe Terra. A busca do herói está vitalmente ligada ao auto-exame, com um desenvolvimento interior e enfrentando seus próprios demônios, para um perfeito conhecimento de sua alma. O Deus do Sol transforma as forças destruidoras com a luz da verdade.

O solstício de verão é um tempo alegre, e sua celebração é também mágica. A Deusa nos oferece totais realizações, quando estamos abertos a ela. Ao receber seu presente, nós, como o Sol, mudamos, e nos suprimos do poder de abençoar. O solstício de verão é a época do ano em que estamos mais próximos do Graal Sagrado, o cálice da felicidade oferecido pela Deusa. (Este é o verdadeiro significado do "Graal". É muito mais antigo do que aquele nas lendas cristianizadas do rei Artur.)

Na natureza, o ano chega ao pico. As folhas estão em todas as árvores, os jardins se enchem de flores e, nos campos, as plantações estão florescentes. É um tempo de prazer e de desfrutar o que conquistamos. O rito da bruxa solitária leva em conta todos estes temas. Lancem o círculo e invoquem tanto a Deusa quanto o Deus. Um caldeirão, a tigela de vinho ou o caldo de frutas devem estar no centro do círculo. Este é meu poema do solstício de verão deste ano. Podem ler em voz alta ou ler algo escrito por vocês mesmos.

A luz do Solstício de Verão é vista sobre a água distante, 
sobre o mar, a água e o fogo apaziguados.
O sol zarpa para seu Outro Mundo. 
Também nós buscamos uma rota nova,
pois a Rainha do Verão traz o cálice da felicidade, doce cálice de um desejo cumprido.
Abençoa-nos, oh, Rainha do Verão,
abençoa todas as criaturas vivas.
Agora alcançamos o ápice, a mudança ocorrerá.
Agora se desfraldam as velas do Sol brilhante.

Dancem no sentido dos ponteiros do relógio com alegria e liberdade. Cantem A Deusa traz o cálice da felicidade, o cálice do vinho vital.

Sintam na terra o poder de sua dança e cantem ao redor do caldeirão. Coloquem o poder da terra em suas danças e cantigas, dirigindo o cone dourado para o interior do caldeirão. Encham o cálice com vinho ou caldo de frutas. Digam: Bebo à satisfação total.

Bebam devagar e meditando. Olhem o interior do cálice de tempos em tempos. Talvez tenham visões. Sintam as mudanças na mente, no corpo, na alma e no espírito, resultado desta ação.
Agradeçam à Deusa.

Peguem duas velas apagadas atrás do altar e coloquem cada uma em um lado do caldeirão, a mais ou menos três pés de distância, na linha que corre de leste a oeste. Acendam as velas, dizendo: "Que os fogos do centro de verão brilhem". Enquanto estiverem acendendo-as, imaginem todos os outros fogos de verão, passados e presentes.

Fogueiras gêmeas são uma tradição nesta época. Talvez porque o Sol possui natureza dupla, há um lado que cresce, outro que míngua. Isto é muitas vezes representado na mitologia por amigos ou irmãos rivais. O Sol cresce em força e vitalidade, desde o inverno até o solstício de verão. Este é o primeiro irmão, forte no mundo exterior. Na segunda metade do ano o outro irmão tem a ascendência. Enquanto míngua seu poder físico, ele ganha nos reinos interiores, tornando-se finalmente o "Sol da Meia-Noite" ou "Rei das Sombras" ou "Sábio".

Juntos, os dois completam o ser total do Sol. São um mesmo Deus. Sentem-se no "quarto" sul, a zona da paixão e da mudança, de frente para as duas velas e o caldeirão, confortavelmente, talvez de pernas cruzadas. Pensem no que está dando satisfação às suas vidas. A música? O amor? Um passeio pelo campo solitário? Livros? O jardim? Se são muitas as coisas, pensem nelas como um todo. Pensem especialmente sobre alguma visão de prazer que possam ter sentido ao beber o vinho. É o destino do Deus Solar, e o de vocês também, que será transformado pelo prazer. Vamos dizer que, para um de vocês, a maior satisfação atual é o aprendizado deste trabalho de bruxaria. Para outro, é um novo relacionamento. Você está amando. Cada um deve pensar nisso (ou no que melhor lhe aprouver), sentindo a energia de sua paixão que sobe como uma chama e leva às mudanças.

Visualizem essas mudanças. Imaginem-nas como se já tivessem ocorrido. Procurem ver suas vidas no futuro. Pensem nas medidas que precisam tomar para a concretização destes passos; ou melhor, procurem vislumbrar, intuitivamente, o que devem fazer. Em silêncio façam suas promessas à Deusa a respeito dos passos necessários. Agora peguem outra vela (que deve ser colocada no "quarto" sul). Acendam-na usando a chama da fogueira do centro de verão, do lado oeste do caldeirão. Antes de acendê-la, segurem-na por algum tempo, imbuindo-a de (outono), para o norte (inverno). Coloquem-na sobre o altar. Deixem-na queimar até quase o fim. Podem movê-la quando acabar o rito, porém sem apagá-la.

Agora descansem um pouco, olhando prazerosamente a luz da vela. Bebam mais vinho, se quiserem. Depois busquem uma vara de madeira e consagrem-na. Abençoem-na em nome da Deusa Tripla e em nome do Deus Cornífero, dedicando-a à magia. Passem-na rapidamente através do incenso, da chama, da água e da pedra (ou pentáculo) sobre o altar. Fiquem de costas ao altar, de frente para o sul, ergam a vara bem alto. Vocês estão invocando a proteção e as bênçãos sobre a terra, chamando pela bênção do Sol. As invocações bem simples são as mais poderosas. Vocês podem falar de forma espontânea ou, se com isso ficarem mais confiantes, usem palavras planejadas ou decoradas anteriormente. Poderia ser assim:

Chamo o poder, o brilhante Rei Sol,
enquanto ele viaja ao Outro Mundo.
Se ele desaparecer, que continue
a brilhar sobre esta terra,
trazendo paz e riqueza.
Chamo-o agora, para vencer tudo____
[por exemplo, a opressão].
Que estes pedidos voem alto em seu nome.

Sacudam a vara. Continuem ao redor do círculo, e, brandindo a vara em cada "quarto", digam:
"Paz e riqueza, que toda [a opressão] seja varrida dos quatro "quartos" desta terra". Sentem-se calmamente, por um tempo, depois dessas palavras. Então é chegada a hora da comunhão, após o final do rito.

Alegrem-se. Celebrem com estilo!
Brilhantes e abençoados sejam vocês.
Rae

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Fonte:
A Bruxa Solitária - Rae Beth




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Andressa Bragança