31 de Outubro no H. Norte
1 de Maio do H. Sul
Samhain (pronuncia-se "souêin") ou Hallows significava, para os celtas, o final de um ciclo e o prenúncio de um novo, o mergulho na escuridão e na morte à espera do renascimento. Era o mais importante dos Sabbats, representando a passagem do Ano Novo celta e o terceiro e último festival da
colheita. Simbolizava não mais a celebração dos cereais ou das frutas, mas a matança dos animais que não mais serviam para a reprodução, sendo transformados em conservas para o inverno. Na Roda do Ano, Samhain é o oposto de Beltane, regido pela Deusa Anciã e pelo Deus da Morte.
A atmosfera desse festival era de nostalgia, saudade, lembranças desapego, retraimento, compreensão e mutação. Os véus entre os mundos se tornavam mais tênues na noite de Samhain, permitindo a comunicação com os espíritos dos ancestrais e dos familiares falecidos. Ao ser cristianizado, Samhain transformou-se na comemoração do Dia de Todos os Santos e Finados, enquanto que sua vulgarização e comercialização moderna o caricaturaram como Halloween, a Festa das Bruxas.
Na mitologia irlandesa, em Samhain celebrava-se a união da deusa da guerra Morrigan a Dagda, o deus da Terra, garantindo, assim, a sobrevivência da terra durante as vicissitudes do inverno. As lendas celtas contam como Cailleach, a deusa Anciã, congelou a terra, batendo nela com seu cajado. Lamentando a morte sacrificial do Deus, representada pelo fim do ciclo da vegetação, a Anciã se recolhe para preparar em seu caldeirão sagrado a poção mágica do renascimento.
Nos países nórdicos e celtas, acreditava-se que vários Espíritos da Natureza, principalmente as Fadas Escuras, perambulavam pela terra nesta noite, perturbando as pessoas e assustando os animais. Para mantê-los à distância, fogueiras e lanternas de abóbora eram acesas nas colinas e oferendas eram deixadas nos bosques. Em Roma, celebravam-se neste dia as deusas Pomona e Fortuna, com oferendas agradecendo pela colheita e rituais para atrair a boa sorte.
Na Tradição da Deusa, esta noite é dedicada a Cerridwen, a deusa celta detentora do caldeirão sagrado da sabedoria e da transmutação, a face anciã da Grande Mãe. Comemora-se, também, a descida da deusa suméria Inanna, em visita a sua irmã Ereshkigal, a senhora do mundo subterrâneo,
sendo imolada e morta antes de voltar, renovada e mais sábia, ao mundo dos homens. No mito grego, Deméter desce para visitar sua filha Perséfone no mundo escuro dos mortos, implorando-lhe para que volte com ela à superfície. Hécate, a deusa das encruzilhadas, encaminha as almas, iluminando-lhes a passagem com sua tocha.
São inúmeras as deusas relacionadas a este Sabbat, estando presentes em várias tradições: Baba Yaga, Cailleach, Cerridwen, as Erínias, Hécate, as Moiras, Kali, Inanna, Ereshkigal, Ísis, Néftis, Morrigan, Macha, Scatach, Skadi, Oyá, Hel, Holde, as Nornes, Perséfone e Tonantzin.
A noite de Samhain é propícia à reflexão sobre as emoções e os acontecimentos do passado, encarando seus medos e suas limitações, desapegando-se do "peso morto" e buscando inspiração e sabedoria para mudanças e transformações. Usam-se várias formas de adivinhação - bola
de cristal, vasilha com água, espelho negro, Runas, I Ching e Tarot -, buscando-se orientação espiritual por meio de viagens xamânicas, mensagens, canalizações ou psicografias.
Os elementos ritualísticos para este Sabbat são as velas pretas, para a transmutação, e as velas laranjas, para procissão e iluminação, colocadas dentro das lanternas feitas com abóboras. Também são utilizadas representações de aranhas e suas teias, serpentes, flores de crisântemo e calêndula para enfeitar o altar, juntamente com folhas de salgueiro, samambaia e cipreste, galhos e bolotas de carvalho, raiz de mandrágora e as frutas consagradas: avelãs, para atrair sabedoria mágica e maçãs e romãs, representando a morte e o renas cimento. Os incensos e essências correspondentes são os de sálvia, carvalho, cedro, sândalo, mirra copal e as pedras são o ônix, a obsidiana, o jaspe sanguíneo e o cristal esfumaçado. E importante criar um altar especial para os ancestrais ou colocar suas fotografias junto a uma oferenda de bolo ou de frutas, que deve depois ser depositada embaixo de uma árvore. O caldeirão é imprescindível para queimar papéis ou resíduos negativos, assim como o oráculo. Se possível, faça uma procissão com velas ou percorra mentalmente um labirinto ao som de batidas de tambor. As roupas devem ser pretas e as pessoas podem usar máscaras de animais, representando
seus aliados, mas sem nenhuma conotação grotesca. A comemoração é feita com bolo de abóbora ou frutas, sidra ou chá preto com especiarias.
Neste ritual, reverenciam-se os ancestrais e, com sua ajuda, pode se empreender uma viagem simbólica ao ventre escuro da Mãe Terra, percorrendo o labirinto do Mundo Subterrâneo, buscando a regeneração e a transformação ao mergulhar no caldeirão sagrado da deusa Cerridwen.
Fonte:
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
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