NATAL (SOLSTÍCIO DE INVERNO, 20-23 DE DEZEMBRO)²
O altar é decorado com visco e azevinho. Uma fogueira de raízes de carvalho é preparada, mas não acesa. O aposento está às escuras. O círculo se reúne. Todos meditam juntos, unindo suas respirações. A sacerdotisa diz:
"Esta é a noite do solstício, a noite mais comprida do ano. Agora, a escuridão triunfa: no entanto, recua e transforma-se em luz. O fôlego da natureza está em suspenso: todos aguardam, enquanto dentro do caldeirão o rei da escuridão é transformado em criança da luz. Aguardamos a chegada do amanhecer, quando a grande mãe dará à luz novamente a divina criança do sol, que é o portador da esperança e a promessa de verão. Esta é a quietude atrás do movimento, quando o próprio tempo para; o centro que também é a circunferência de tudo. Estamos todos acordados na noite. Giramos a roda para que ela traga a luz. Invocamos o sol do ventre da noite. Abençoados sejam!"
Purifique, disponha o círculo, mas não acenda as velas. Invoque a Deusa e o Deus. Todos sentados, comecem o cântico antifônico.
Todos:Morrer e renascer,
A roda está a girar,
O que se deve relegar à noite? (Repita.)
Membro do coven: – Medo.
Todos:
O medo é relegado à noite.
O medo é relegado à noite.
Morrer e renascer,
A Roda está a girar,
O que se deve relegar à noite?
Prossegue-se inserindo linhas e repetindo-as, até que a energia esmoreça. Fiquem de pé e se deem as mãos. O sacerdote† posta-se diante do altar, segurando o crânio de um animal cheio de sal. A sacerdotisa lidera uma lenta procissão em espiral, que serpenteia para fora a fim de que cada membro fique de frente para o sacerdote.
A luz nasceu,
E a luz morreu. (Continue repetindo.)
Outra sacerdotisa sussurra:
Tudo passa,
Tudo se extingue.
O sacerdote coloca uma pitada de sal na língua de cada membro, dizendo:
Meu corpo é sal,
Prove o hálito da morte.
A sacerdotisa conduz a espiral para dentro, até que os membros estejam agrupados. Inicia uma indução ao transe improvisada, lentamente sugerindo que caiam por terra e adormeçam. Quando todos estão deitados, são conduzidos para um transe profundo mediante a indução de vozes múltiplas. Quando as vozes diminuem, se lhes diz:
– Você está penetrando em um espaço de liberdade perfeita.Tempo é concedido para o transe em estado de suspensão antes do nascimento.
† Os papéis podem ser desempenhados por quaisquer membros: sacerdote e sacerdotisa são aqui utilizados por uma questão de simplificação.
A sacerdotisa aborda um dos membros do coven, fica de pé perto de sua cabeça, com as pernas separadas, e puxa-a, simbolicamente fazendo com que nasça. Ela tornase parte do canal de nascimento; o processo continua com os demais membros do coven, o canal de nascimento tornando-se mais comprido. Um dos membros do coven pega os recém-nascidos, um por um, e os põe novamente para dormir, dizendo:
– Durma o sono dos recém-nascidos.Quando todos mergulham novamente no transe, são guiados para uma visualização de suas esperanças, para a nova vida que virá. Sacerdotisas lambuzam mel na língua de cada um, dizendo:
– Prove a doçura da vida.Um novo cântico se inicia, suavemente, prossegue em crescendo de poder, à medida que gradualmente desperta os adormecidos, que se unem às linhas que são repetidas:
Navegue, navegue,Siga o crepúsculo até o ocidente,
Onde possa descansar, onde possa descansar sua mente.
Navegue, navegue,
Volte sua face para onde o sol se apaga,
Para além da margem, para além da água.
Navegue, navegue,
Uma coisa torna-se outra,
Na mãe, na mãe.
Navegue, navegue,
Faça de seu coração um fogo ardente,
Torne-o mais forte, torne-o mais forte.
Navegue, navegue,
Num relance atravesse o portão aberto,
Ele não esperará, ele não esperará.
Navegue, navegue,
Sobre a escuridão do mar sem sol,
Você está livre, você está livre.
Navegue, navegue,
Guiando a nave do sol levante,
Você é o número um, você é o número um.
Navegue, navegue,
Para dentro da tempestade e do vento enlouquecidos,
Para renascer, para renascer.
Navegue, navegue,
Sobre as ondas onde a espuma branca jaz,
Para trazer a luz, para trazer a luz.
Todos:
Estamos todos acordados na noite!
Giramos a roda para que ela traga a luz!
Invocamos o sol do ventre da noite!
Sacerdotisa:
Ele volta sua face para o oeste, mas no leste se levanta!
Todos: Quem é esse?
Sacerdotisa: Que se põe na escuridão?
Todos: Quem é esse?
S: Que navega?
T: Quem é esse?
S: O renovador.
T: Quem é esse?
S: Aquele que traz os frutos dourados.
T: Quem é esse?
S: Imaculado.
T: Quem é esse?
S: Cujas mãos estão abertas?
T: Quem é esse?
S: Cujos olhos são brilhantes!
T: Quem é esse?
S: Cuja face é resplandecente?
T: Quem é esse?
S: A esperança da manhã!
T: Quem é esse?
S: Que atravessa o portal?
T: Quem é esse?
S: Que retorna em luz?
T: Quem é esse?
S: Um fulgor entre os pilares gêmeos.
T: Quem é esse?
S: Um clamor entre as coxas!
Todos: – Io! Evoé! Io! Evoé! Io! Evoé!
Sacerdotisa: (conduzindo, todos repetindo):
Rainha do sol!
Rainha da lua!
Rainha dos chifres!
Rainha dos fogos!
Traga até nós a criança da promessa!
É a grande mãe
Que a ele dá à luz,
É o senhor da vida,
Que nasceu novamente!
Escuridão e lágrimas
São abandonados,
Quando o sol se levanta novamente!
Sol dourado,
Das montanhas e dos campos,
Ilumine a terra!
Ilumine os céus!
Ilumine as águas!
Ilumine os fogos!
(Cântico tradicional.)
Todos: – Io! Evoé! Io! Evoé! Io! Evoé!
A sacerdotisa acende a fogueira e as velas e todos começam a cantar:
Eu que morri estou vivo hoje novamente,
E este é o aniversário do sol! (Repita.)
Este é o aniversário da vida, amor e asas,
E o grande e alegre acontecimento da ilimitada terra.³
Nascemos novamente, viveremos novamente!4 (Repita.)
O filho do sol, o rei nascido no inverno!
Desenvolva em cântico de poder, centrado no novo despertar da vida. Partilhe os festejos e a amizade, idealmente, até o amanhecer. Antes de terminar, a sacerdotisa diz:
O deus da escuridão cruzou o portal,Ele renasceu através da Mãe,
Com Ele renascemos nós!
Todos:
A maré mudou!
A luz voltará novamente!
Em um novo amanhecer, em um novo dia,
O sol está se levantando!
Io! Evoé! Abençoado seja!
Abra o círculo.
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Fonte:
A Dança Côsmica da Feiticeiras - Starhawk
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